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A Mente individual


A mente individual e suas dimensões:

A individualização do ser humano é consequência do desenvolvimento do potencial de Prakriti(princípio energético e matéria primordial). Os três gunas, tamas, rajas e satva, são qualidades básicas de toda a criação e são inerentes à Shakti cósmica como a energia da força de vontade, energia da força da ação e a energia da força do conhecimento. Desempenham um papel muito importante e influenciam o funcionamento da Mente Individual – Antah Karana.

Antah Karana – a mente individual

Antah Karana é o instrumento da consciência do homem. É um órgão sutil que permite interpretar, classificar, decidir e conhecer todo o referencial das experiências passadas, presentes e futuras e é a marca que diferencia o ser humano das demais espécies, já que nos animais prevalece a força do instinto como guia de todas as suas ações.

As quatro faculdades que compõem Antah Karana ou Mente Individual são

Buddhi – o intelecto ou inteligência

Ahamkara – o ego

Manas – o pensamento

Chitta – a memória.

As faculdades da Mente Individual funcionam dentro das dimensões da mente conhecidas como:

Jagrat – Plano Consciente-estado de vigília;

Swapna – Plano Subconsciente-estado de sonho com sonhos;

Sushupti – Plano Inconsciente-estado de sonho profundo.

Existe um quarto estado chamado de Turya (dimensão transcendental), que não é considerado pela psicologia ocidental. É um nível onde os gunas ( as três qualidades- rajas, tamas e satva) deixam de ter influência e a consciência não é afetada pelas flutuações que a mente sofre nas outras dimensões. É um estado que só se alcança quando já se aperfeiçoou nas qualidades da Mente Individual, mediante um sádhana eficaz (desenvolvimento de uma prática pessoal constante). A Mente Individual funciona nos planos consciente, subconsciente e inconsciente, criando a experiência física ou densa, sutil e causal.

 Buddhi – a intuição:

É a faculdade mais próxima da Consciência Pura, a faculdade de cognição, o conhecimento certo e direto, onde a dúvida não existe. É a inteligência superior, a consciência do Ser sem pensamento do Eu.

Quando está sob efeito de sattva (pureza e equilíbrio), deixa de oscilar e assume o papel de consciência testemunha – sakshi. Suas características são: sabedoria, discriminação, desepego, pureza,  desapaixonamento, sinceridade, humildade, serenidade, etc.

Se estiver sob influência de rajás (atividade/movimento) perde a capacidade de discriminar ou discernir e a ignorância (avidya) pode apoderar-se de suas decisões. As conseqüências são: preocupação, ansiedade, orgulho, paixão/apego, etc.

Se estiver sobre a influência de tamás (inércia) o Ego se transforma no “amo” produzindo confusão e juízos errôneos.

Ahamkara

Na evolução descendente, depois de buddhi aparece ahamkara – o ego, o princípio de identificação. Graças a consciência individual ou sentido de Eu, o ser humano se concebe a si mesmo como uma pessoa particular, um indivíduo concreto, separado do resto da criação. De ahamkara nascem o desejo, o apego, a aversão, o sofrimento, mas também a vontade de evolucionar e caminhar em direção à luz.

O Ego atua através de diversos meios segundo se movimenta em uma e outra dimensão mental. Por exemplo, se está no estado de vigília (jagrat), atua mediante o corpo denso, com os sentidos e a mente pensante. No estado de sono com sonhos (svapna) sua atuação de se dá através do corpo sutil e dos sonhos. No estado inconsciente ou de sono profundo (sushupti), se retira de seu estado deSemente no corpo causal (envoltura que aloja o Ser ou Atman), entretanto na prática da meditação permanece como consciência interna.

As vezes o Ego é considerado como um aspecto negativo, mas ele só é assim quando se despertam suas tendências inferiores pela ação de rajoguna (atividade/movimento) e tamoguna(inércia). Se o Ego está sobre a influência de sattvaguna (pureza/equilíbrio) gera a noção do Eu Sou, colaborando positivamente para a consecução e alcance das metas espirituais. Quando o Ego está tranqüilo e inativo produz o cessamento CESE do funcionamento da memória (chitta) e se transforma no meio para que a consciência se estabilize em sua natureza essencial. Quando é afetado por rajás(atividade/movimento) ocasiona uma intensa atividade que pode levar a dissipação do pensamento e da ação. Se intensifica o sentimento de “meu” e do egoísmo. O Ego sendo afetado por tamás (inércia) faz aflorar impressões dolorosas (samskaras) que geram medo, falta de decisão, sentimento depreciativo e de menos-valia.

 Manas e Chitta, o pensamento e a memória:

O pensamento e a memória constituem o aspecto exterior da mente e o material contido em seu interior que aparece no estado de vigília e no sono. Manas é a faculdade do pensamento e Chitta é a memória ou conjunto de experiências, impressões mentais (samskaras) e arquétipos armazenados na mente. As características do pensamento (manas) são a volição e a dúvida. Não tem sentido de autoconsciência e sua atividade não é inteligente, consistindo em aceitar ou rechaçar a informação que lhe envia os sentidos (indriyas), sendo o Ego (ahamkara) quem se identifica e faz suas as sensações e a experiência para que finalmente seja o princípio de discriminador (buddhi) quem julga e decide. A informação recebida  pelos sentidos põem em marcha o pensamento (manas) e a memória (chitta) e estes ativam o Ego (ahamkara) que por sua vez ativa a inteligência dicriminadora (buddhi)

A tendência natural do pensamento é ser governado por rajoguna (atividade/movimento) o que o faz tão dinâmico e agitado. Quando é afetado pelo Ego (ahamkara) sofre um estado tamásico de inércia e se é influenciado pelo princípio discriminador (buddhi) alcança um estado sáttvico de pureza, caracterizado pelo equilíbrio e pela serenidade. As gunas afetam de forma muito poderosa o pensamento, sendo que quando predomina sattva (pureza) está concentrado e imóvel (estável?), quando dominado por rajás (atividade/movimento) ativa os sentidos e desequilibra o intelecto. Mas quando é dominado por tamás (inércia) se mostra pesarozo e torpe.

     Chitta, a memória também é influenciada pelas gunas. Com tamás (inércia) se ativam as impressões negativas (samskaras) e os desejos profundamente arraigados (vasanas). Com rajás(atividade/movimento) se despertam todo tipo de impressões que dão origem à imaginação e conhecimento errôneo. Pela ação sattva (pureza/equilíbrio) o material da memória diminui sua atividade e a consciência se mantém estável e serena.

As quatro faculdades da Mente Individual (antah karana) formam uma unidade inter-relacionada de cada uma tem uma função bem definida. A prática do yoga consegue em todas elas trabalhar harmonicamente e se sintoniza em sua qualidade sáttvica (pureza/equilíbrio). Produz uma purificação da Mente Individual que permite o acesso ao estado de turya ou dimensão transcedental do ser humano.

As dimensões da mente:                                                                                                                                                                                                              No estado de vigília ou jagrat (dimensão consciente), o homem é consciente de seu corpo-mente e contacta com o mundo através dos cinco órgãos dos sentidos (jñanendriyas) e dos cinco órgãos de ação (karmendriyas). Toda a informação que recebe é interpretada pela mente, participando seus quatro componentes: a discriminação (buddhi), o ego (ahamkara), o pensamento (manas) e pela memória (chitta).

Durante o sono com sonhos ou svapna (dimensão subsconsciente), os sentidos (indriyas) se desconectam e se desvanece a consciência do corpo físico e do mundo exterior. Neste estado o Ser se identifica com a mente e com sua ajuda cria um mundo novo de seres e coisas que chamamos de sonhos. Este mundo está formado por impressões que se tem acumulado na memória e no estado de vigília (jagrat). O estado de sonho é tão real para o sonhador como é o estado de vigília quando este está desperto.

No estado do sono profundo ou sushupti (dimensão inconsciente) a consciência se retira do corpo causal (evoltura que aloja o Ser ou Atman). É um estado onde não existe consciência objetiva nem subjetiva, sendo indiferenciada.  Ignora-se a própria existência. No estado de vigília a consciência do homem se associa com os sentidos e a mente; no estado de sono os sentidos se desconectam e no estado de sono profundo é a mente que se desconecta. Neste momento (sushupti) se experimenta um estado de bem-aventurança e êxtase igual que um samadhi (super-consciência). A única diferença é que não se está consciente deste elo de ligação e quando se desperta se conserva a mesma ignorância, ficando apenas um estado de bem-estar e descanso.

Turya (dimensão transcendental) é o quarto estado e se alcança mediante a prática de yoga. Esta dimensão sem dualidade, muito além do tempo e do espaço de onde o Ser (Ataman) se reintegra à sua fonte. Os textos (shastras – escrituras) falam de um estado de turya como algo inefável e que não pode ser compreendido no estado mental ordinário.

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